Parece da praxe ter que escrever algo sobre o ano que passa. Sobre o tempo que passámos. O tempo que vivemos. O tempo que nos fez sorrir, chorar, amar, não amar (não gosto da palavra "odiar".
Para mim, foi um ano triste. Não posso dizer que não foi bom porque felizmente nada me faltou. Mas foi sombrio. Foi.
Aprendi. Falar é sempre mais fácil.
Cresci. Disso não haja dúvidas.
Fortaleci. E quero continuar a fazê-lo.
Amei. "Eu vou parar quando eu sentir não haver motivo algum para negar."
Confortei. Como é bom sentir um sorriso.
Errei. (Não, não vou dizer que todos nós o fazemos) Irei continuar a lutar por ser uma pessoa melhor.
Desiludi-me. Tenho o defeito de esperar sempre mais.
Partilhei. Porque numa conversa descobrimos sempre um pedaço de mundo escondido.
Foi um ano escuro. Mas com o qual aprendi muito. No qual senti um universo de emoções contraditórias e inexplicáveis. Um ano confuso mas claro (perceptível?).
Para 2006, não peço muito. Só saúde (para todos). O resto faz parte da nossa luta do dia-a-dia. Da batalha que travamos com a correria das cidades que não dormem. É preciso que se lute. Não esperemos que tudo nos caia do céu.
Deixo-vos aqui um excerto de um texto de Miguel Esteves Cardoso, no Expresso:
Elogio ao amor
"O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.
Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
Acima de tudo, sejam felizes. Sintam-se felizes.
É o melhor que se pode ter. O sentimento de felicidade.
Um feliz ano.