domingo, setembro 10, 2006

Regresso


Regressei. Depois de seis meses em terras italianas voltei para o meu cantinho “à beira-mar plantado”. Escrevo só agora por talvez me ter faltado a coragem de o fazer antes. Por ter medo de reavivar aquilo que, agora, parece não ter passado de um sonho. Apercebi-me que estava errada. Se falar disso sei que não foi um sonho, e posso dizê-lo a mim própria todos os dias.
Todos os dias há qualquer coisa que me faz lembrar Erasmus. Muitas vezes guardo-o para mim, pois muitas das pessoas que me rodeiam não iriam perceber aquilo de que estou a falar, a pensar, a sentir, a ter saudades. Falaram-me em depressão pós-erasmus…não quero pensar que seja isso. Mas tenho saudades, não o posso negar. É como se tivesse ficado em mim um “bichinho” que me diz para partir, para sonhar, para me aventurar, para abrir mão, para voar, para dançar, para gritar, para fazer algumas das coisas que deixei para trás sem me aperceber e, principalmente, sem saber porquê.
Assim, a cada dia que passa tenho um desejo novo, um novo objectivo, um “amor diferente”, um desejo insaciável de fazer tudo aquilo que me enriquecerá. E desta vez, não vou deixar nada para trás. Vou correr sem medo e conseguir. Porque eu quero, porque eu sei que é o melhor, porque eu o sinto. Vou voar, gritar, sonhar e reaprender tudo aquilo que deixei esvoaçar por entre receios e desleixos.
Um dos meus maiores desejos era poder dar a todos aqueles que me rodeiam um bocadinho daquilo que vivi, aprendi, cresci…mas não posso. A experiência é única e, por muito que fale, que grite, que “passe a mensagem”, só eu, e quem o viveu, poderá ter uma noção do que foi…e do que é.
“(…) vivia todos os dias, desde que regressara, com saudades cortantes desse ano, por saber que jamais voltaria a viver o que por lá experimentara. De tudo o que se recordava com um aperto no coração. Daqueles tempos, sentia falta da liberdade, do desprendimento, da novidade constante que era o dia-a-dia, da cumplicidade entre todos, do divertimento, da amizade…
Sempre que relembrava esses tempos, procurava transformar cada episódio numa reminiscência viva, real e palpável (…).” António Paisana, in Erasmus de Salónica.
É este o sentimento. Felizmente, para nosso bem, foi também este sentimento que nos fez crescer, mudar, enriquecer e…sonhar.
A vocês, que partiram ou vão partir para esta aventura, não se deixem levar por este lado um pouco mais triste da história. Fiquem felizes por saber que daqui a uns meses vão poder partilhar connosco a vossa experiência erasmiana…porque quando vocês voltarem, vamos estar aqui, sabendo exactamente cada bocadinho daquilo que estão a sentir.
Para vocês…*