quarta-feira, novembro 26, 2008

Na bancada

"Senhor guarda, sou da comunicação social...posso entrar na zona de residentes. Tenho aqui o cartão." Com ar de quem já ouviu aquela treta mil vezes, encolhe os ombros e diz: "Vá, siga lá". (Uffaa..às vezes isto de ser jornalista até resulta bem..). Correria de entrada. Espero na fila. Entro. A segurança fica espantada com a quantidade de coisas que levo na mala. Desiste de a revistar. Subo as escadas. Sento-me na cadeira. Não sei qual era a cor. Pormenores. Apito. Silêncio. As vozes ecoam no estádio. Expectativa. Um golo. Muitos nomes feios. "Pilinhas me penetrem", como diria o outro. Outro golo. A intensidade dos apupos aumenta a olhos visto. Mais outro. (Fdx, não é hoje que estes caralhos começam a jogar bem!). Peço desculpa pela rudez.

"Parecem uns matraquilhos, não descolam do ferro."

"Ó Veloso, aconchega a bola no pipo." 
"Tu queres é a passerelle!"
"Só querem é aparecer nas revistas." (Malditas revistas, esses sacanas, malandros!)
"METE O BARBOSA!!" :)

Golooooo!! Há esperança. Outro golo. Ainda mais motivação. E pronto, eis que o jogador da equipa marca golo...NA PUTA DA PRÓPRIA BALIZA, caralho!! Peço desculpa mais uma vez. Exaltei-me.

É que há com cada coisa...Ouvem-se "olés". Sim, perde-se 5-2. Mas quem perde sorri. "Haja alegria, isso é que não se pode perder!" (Não fosse um sportinguista a dizer isto...)

Nuestros hermanos fazem-se sentir nas bancadas. Os sportinguistas não gostam. E eis que surge o D. Sebastião. O público vibra e ouve-se: "FIGO! FIGO! FIGO!"

(Silêncio do lado espanhol)

E diria eu: CHUPA CABRÃO!

:)

Tendências

Uma pessoa perde meses a ensinar os homens que castanho e preto é uma combinação proibida no que diz respeito a vestuário...

Depois, vem o Inverno e a nova moda: Camel e preto.

E eles dizem: vês, vês?

E são mais uns quantos meses para explicar a diferença entre castanho escuro e Camel...

Vida de gaja não é fácil :)

terça-feira, novembro 25, 2008

Os outros

Dizem os entendidos que os inteligentes não se gabam, que os vulgares podem ser melhores e que os medíocres gostam de pairar. De minar. De chegar às conclusões correctas, as deles, claro. De sorrir enquanto acham estar a gozar o prato. Quando, com medo, atacam. Mas não o sabem fazer. Fazem-no mal. Com tiques de fraqueza. Os entendidos devem saber do que falam. Eu não sei. Muito, pelo menos. 

Sei antes para onde vou. Onde quero chegar. Não vivo mal com isso. Aliás, vivo até bastante bem. 

E tu? 


A frase

"Eu nem sequer consigo enfiá-las, quanto mais metê-las à porta!"

Muito bom :)

Há coisas tão simples

"Fico admirado quando alguém, por acaso e quase sempre
sem motivo, me diz que não sabe o que é o amor.
eu sei exactamente o que é o amor. amor é saber
que existe uma parte de nós que deixou de nos pertencer. 
o amor é saber que vamos perdoar tudo a essa parte 
de nós que não é nossa. o amor é sermos fracos.
o amor é ter medo e querer morrer."
José Luís Peixoto, em A Criança em Ruínas

domingo, novembro 02, 2008

Estás a pensar em quê?

No carro. Curvas. Contra-curvas. Silêncio. Música de fundo.

- Estás a pensar em quê?, pergunta ele.

- Em nada, diz ela.

(A resposta é típica. E naquele "nada" correm um turbilhão de ideias desconexas, desejos, vontades, sentimentos diversos. Naquele "nada" estão milhares de palavras que quer dizer. Está um futuro que desconhece, um imaginário que não passa disso mesmo. Pela janela, vê as folhas a cair. Sinal do Outono que chega e do frio que se vem anunciando.)

Silêncio. Prolongado. Em jeito de hesitação.

- Sei exactamente o que estás a pensar... é assim para os dois, confessa ele.

Um beijo na testa e um festa no rosto.