quinta-feira, agosto 20, 2009

Sorriso

Ela acha que tenho medo. Do depois. Do querer tudo. Não pensa nisso sempre. E quando pensa, tenta rapidamente encontrar um assunto mais leve. Porque sabe que não deve. Mas é mais forte. E ela tem medo. Diz-lhe isso, em perguntas, daquelas que desviam a atenção do essencial. Daquilo que não quer pensar. E o sorriso é tantas vezes mais esclarecedor que qualquer palavra. É repetitivo. Mas ela sabe. Sabe-o de cor. Mas não pára. Tem medo. E sabes tu do que ela fala?

Do querer explodir. De mostrar que está feliz. Que está bem. Que sabe bem o sorriso. Quando mais ninguém entende. E  às vezes o medo paralisa-a. Dá um passo atrás. Mas não deixa de sentir. Sente mais. Tudo mais forte. Mais intenso. Não sabe lidar com isso. Com essa coisa estranha que a assalta. Sim, ela sabe, tem um nome. Mas sentir tudo é já forte demais. E as palavras não esclarecem. Baralham. São irritantes, às vezes.

Podem encurtar distâncias. E isso irrita. Podem aumentar a saudade. E isso irrita. Não podem dar-lhe o sorriso. E isso, isso deixa-a com medo. Com medo.Da fuga. De perder. Sente falta de tudo. Mesmo quando está perto.

Ela tem medo. Isso alimenta-a e consome-a. 

Se não fosse o maldito sorriso.