No chão, as folhas queimadas, laranjas. As rajadas de vento levam-nas sem piedade para qualquer outro canto da cidade. Até serem varridas para dentro de um qualquer contentor, com ainda menos piedade. E com elas, o Outono começa também a dizer adeus. Mas não para já.
Entrei na coffee shop do meu quarteirão, uma pequena salinha amorosa, com sofás, jornais e pormenores deliciosos. Ah, e uma música que nos faz sentir em casa. Não sentia isto desde que cheguei. O aconchego, o estar de ombros relaxados a procurar palavras em folhas de papel cinzentas e usadas por todos aqueles que aqui passaram hoje e que também procuraram as suas próprias palavras.
E o que me apetecia fazer agora? Chorar. Estranho, não é? Como o estado de espírito muda tão rapidamente de um dia para o outro: ontem apetecia-me chorar com saudades, acentuadas por uma dor no pescoço que me deixou vulnerável. Hoje, sentada neste café, com as persianas semi-abertas, olho lá para fora (já noite cerrada) e observo os faróis dos carros, as rodas das bicicletas, as pessoas que percorrem os passeios. Hoje, sinto-me bem. Revitalizada. O choro é fruto de qualquer outra coisa que não tristeza.
E se me perguntarem porquê? Tentei procurar as palavras, mas não as encontrei. Sei que me senti assim, no preciso momento em que me sentei no sofá e me transportei para outro sítio qualquer. Acho que foi da música, das velas, das cadeiras, das mesas, do conforto.
Andava à minha procura aqui. E encontrei-me.
O tempo lá fora? Nem dei por ele.
Pode dar-se que me esteja a apaixonar por ti.
Daqui a seis meses voltamos a conversar.
4 comentários:
gostei muito do seu blog.....seu blog é bem melhor que o meu........parabenhess *-*
Oi!
Nesses passeios mundo virtual a fora, acabei aterissando no seu espaço.......
Monster Headphones
Enviar um comentário