segunda-feira, março 21, 2011

Obrigada.

Às vezes, quando estamos muito tempo no meu espaço perdemos a noção.
Deixamos a vontade de voar para mais tarde.
Hoje, recordo uma tarde no penúltimo dia de 2010.
Duas chávenas de chá.
Uma conversa a medo.
E um dossiê cheio de coragem. Muitas perguntas.
Tentei perceber o porquê de tudo aquilo.
E, de repente, cheguei lá.
Olhei para trás. Recordei-te quatro anos antes.
A ir embora para uma terra fria, sozinha.
Dessa vontade toda que tinhas.
E quem diria que eras de todas a mais mimada.
E percebes o que digo, como percebes que isto é tão bom.
Voltaste a ir embora porque este país não é para novos.
E foste. E voltaste. E foste. E voltaste. E foste.
E sempre que te sentia a ir, sentia-me a ficar para trás.
Tinha inveja. Mas uma inveja boa, sabes?
Escrevo estas palavras em forma de qualquer coisa banal porque te devo.
Devo-te o empurrão. Devo-te teres-me aberto os horizontes.
Devo-te a ajuda. Os mails. As traduções.
A paciência quando estavas cheia de trabalho.
Devemos-te todas essa passagem de testemunho.
Esse querer ser mais.
Essa transparente insatisfação.
A não resignação.
Se hoje, cheguei aqui, é por tua causa.
Se hoje, me sinto assim, é por tua causa.
Se hoje, quero mudar tudo, é por tua causa.
E isso, é mais uma razão para sorrires.
Esse poder que tens de mover montanhas. E sonhos.
Aconteça o que acontecer, já me superei.
E tu acreditaste. Empurraste-me.
Hoje, devo-te um pedaço daquilo que conquistei.
Amanhã, vou ficar a dever-te um sonho.
E, se aceitares, pago-te com a minha amizade.
Eterna.

sábado, março 19, 2011

Futuro.

















Há precisamente uma semana desci a Avenida da Liberdade.
Hoje, voltei a descê-la. Embora não totalmente.
Há uma semana gritei por melhores condições. Por uma visão de futuro.
Hoje, o meu coração saltava-me do peito. Por um futuro.
Há uma semana preocupava-me com o País.
Hoje, preocupava-me com o meu futuro.
Há uma semana, senti um orgulho enorme. Uma vontade de mudança.
Hoje, senti o peso de um grande passo. Uma mudança maior.
Há uma semana, tive receio que fossemos poucos.
Hoje, sabia que apenas eu importava.
Há uma semana, enquanto caminhava, senti o poder de uma revolução.
Hoje, tinha uma revolução dentro de mim.
Hoje dei mais um passo. De gigante.
Está um sol de Primavera e não consigo deixar de sorrir.
Há uma semana, dei (demos) um passo importante.
Hoje, dei o primeiro passo do resto da minha vida.

P.S. Hoje, podia tocar o céu.




quinta-feira, março 10, 2011

Para a rua. porque já chega.

Manifesto

"Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal.

Nós, que até agora compactuámos com esta condição, estamos aqui, hoje, para dar o nosso contributo no sentido de desencadear uma mudança qualitativa do país. Estamos aqui, hoje, porque não podemos continuar a aceitar a situação precária para a qual fomos arrastados. Estamos aqui, hoje, porque nos esforçamos diariamente para merecer um futuro digno, com estabilidade e segurança em todas as áreas da nossa vida.

Protestamos para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza – políticos, empregadores e nós mesmos – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável.

Caso contrário:

a) Defrauda-se o presente, por não termos a oportunidade de concretizar o nosso potencial, bloqueando a melhoria das condições económicas e sociais do país. Desperdiçam-se as aspirações de toda uma geração, que não pode prosperar.

b) Insulta-se o passado, porque as gerações anteriores trabalharam pelo nosso acesso à educação, pela nossa segurança, pelos nossos direitos laborais e pela nossa liberdade. Desperdiçam-se décadas de esforço, investimento e dedicação.

c) Hipoteca-se o futuro, que se vislumbra sem educação de qualidade para todos e sem reformas justas para aqueles que trabalham toda a vida. Desperdiçam-se os recursos e competências que poderiam levar o país ao sucesso económico.

Somos a geração com o maior nível de formação na história do país. Por isso, não nos deixamos abater pelo cansaço, nem pela frustração, nem pela falta de perspectivas. Acreditamos que temos os recursos e as ferramentas para dar um futuro melhor a nós mesmos e a Portugal.

Não protestamos contra as outras gerações. Apenas não estamos, nem queremos estar à espera que os problemas se resolvam. Protestamos por uma solução e queremos ser parte dela."

quinta-feira, março 03, 2011

Modern love














Tenho uma teoria. Sobre relações.
Sobre as relações modernas.

Elas decidem o quando.
Elas decidem o porquê.
Elas mandam efectivamente.
Elas fazem o que querem.
Comandam.

Eles deixam-se levar.
Eles aceitam.
Eles sentem-se perdidos.
Perderam o controlo.

E isto. Isto dá cabo deles.
Consequentemente, elas é que pagam.
Ninguém disse que o poder trazia felicidade.

Nota:
Assim que me apetecer.
Quando me apetecer.
Se me apetecer.
Este controlo sabe bem.

quarta-feira, março 02, 2011