quarta-feira, junho 22, 2011

Pela noite dentro

Ainda não tinha começado o Verão, mas o dia amanheceu quente. A escaldar, depois de uma noite enfiada em bares dançantes, rodeada de sombras escuras, conversas que ficavam a meio - com sorrisos de quem não percebia o que lhe diziam -, e copos meio cheios. Ou meio vazios.
Ouviu dizer, "as pelas morenas, o calor, as pessoas transpiram sexo", e riu-se. Como quem entende na perfeição o sentimento, e balança as ancas, aproveitando o movimento para seduzi-lo. Não por ele, por ela.

Depois, houve movimentos de bailarina em cima de carros, suspiros encostados a portas de moradores de uma qualquer rua que vai da zona dos bares ao local onde se encontram os táxis. Corrijo: ao local até onde caminharam. Depois de carros, portas, olhares suspeitos, indefinição e hesitação.

Ali parecia não haver problema algum. Ela queria. Mas deixou-o em casa, apesar da vontade. E, depois de ter dormido aqueles breves instantes, ele bateu-lhe à porta, sôfrego de calor. E fizeram o dia nascer, aquele que ainda não era de Verão. Mas que tinha todo o ritmo de uma noite calor intenso. As pelas morenas. E mais ela não disse.

quinta-feira, junho 09, 2011

Balão

vou impôr um stop a este vaivém de sobes e desces.
de querer muito e não querer nada.
a partir de agora, passo a mentir-te. a mentir-me.
ela ia querer isso, como quem sente a água fria da primeira onda perto da barriga.
essa sensação de ir ou ficar.
este binómio constante de inseguranças admitidas entre segredos invioláveis.
vou-te impôr restrições.
a partir de agora, só quero subir.