quarta-feira, maio 22, 2013

Do ser [ainda] uma criança

Ouve o que te digo. Não, escuta. Como quem quer ou não entender o que se passa, tanto me faz. Aprende a escutar. Não os gritos de raiva ou as lágrimas durante o filme que vimos juntos.

[Lembras-te como ele gostava tanto de ser criança?]

[E de como me abraçavas?]

Entende que não te quero aqui. Quero que partas, sem dizer adeus. Tu, que nunca me deixaste ir mais além. Hoje, racionalmente, entendo o porquê. Ou talvez me force a entender, que nestas coisas do lado esquerdo nunca se entende a cem por cento.

[E de como sorria, lembras-te?]

["Não queres escrever uma letra para mim?"]

Não me perguntes. Não te chegues a mim como quem me quer percorrer o corpo das pontas dos cabelos aos pés da cama.

Quero deixar tudo ali. Exactamente onde deixei que quebrasses o muro - é sempre assim, já devia saber. Por isso, escuta.

Hoje, que o sol apareceu como sinal de alento. Hoje, que recomecei a escrever. Hoje, que deixo para trás os sorrisos, as letras e teu toque. Hoje, digo-te adeus.

E podia dizer até já. Podia.

Adeus.

[Não, não gastei as palavras. Mas voltei a usá-las sem ti.]