Estamos à janela, a ver o pôr-do-sol e somos surpreendidos por um toque no ombro. Uma leve brisa que ali passa. Trememos. Assustamo-nos. Não quer dizer nada, mas subtilmente acaba por dizer quase tudo. Nos últimos meses tem sido assim.
Borboletas. Duas. Ocupam o espaço sem qualquer tipo de preocupação. Procuram o lugar mais indicado para acasalar. Fico ali a vê-las, a brincar uma com a outra. A provocarem-se, num persistente toque de asas. Dançam e baloiçam naquele jogo natural de sedução. Páram. Perto de um velho castanheiro. À beira-rio. As asas ficam suspensas. Presas uma na outra. Cumplicidade. Trocam olhares, quem sabe. Sorriem. E dizem, sussurrando, palavras de amor.
São borboletas. Não sabem o que fazem. Brincam aos namorados. Voam. Mergulham na brisa. Atiram-se de cabeça. Porque um dia, um dia, vão procurar um cantinho perto daquela lua. Aquela que agora, depois de anoitecer, ilumina a dança de acasalamento. E elas vão. Sem destino. O essencial: amor ao luar.
2 comentários:
Belos voos, estes!
beijo**adoro-te
Catarina: as borboletas não falam.
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