Eu sou assim. Gosto de sorrir enquanto releio uma frase ridícula. Gosto de chorar enquanto viajo pelas memórias da faculdade, pelos tempos em que ainda não sabia escrever. Gosto de remexer no baú dessas memórias. E, por isso, não gosto de deitar nada fora. Tenho livros de mensagens - inúmeros - quando o telemóvel só tinha memória para 15. Tenho diários à solta numa gaveta. Tenho livros de poemas infanto-juvenis que hoje me parecem estranhos. Tenho palavras soltas em livros dispersos. Tenho as notas. Mas são as minhas palavras. E sei exactamente a que se referem. É bom este sentimento de pertença.
E esta, é outra das razões porque guardo tudo o que escrevo. Hoje, pus-me a pensar, o que acontecerá a tudo o que eu for escrevendo e guardando ao longo dos anos. As pequenas divagações, os poemas de adolescente, os dizeres de amor, as pesquisas, as notícias, as notas. E pensei que seria maravilhoso, daqui a 100 anos, ter um familiar a remexer no meu baú. Naquele que vou deixar com todas as minhas palavras guardadas.
E ele não vai saber a quem ou a que é que determinadas palavras se referem. Não vai saber para quem foram escritas, com que intenção, com que intensidade. Com que entrega. Provavelmente, nunca irá puder falar comigo. Mas quando remexer as minhas palavras, vai saber que são minhas. E poderá construir-me a partir daqueles fragmentos. Poderá desvendar um pouco mais de mim. Não tenho a ambição de ganhar qualquer Prémio Nobel.
Basta que alguém me encontre no baú. E não deixe morrer as minhas palavras. Para que eu também fique por cá.
4 comentários:
=)
Não gosto que me faças chorar em frente ao computador do trabalho...*
Também sou muito assim. Por isso, descansa. Apesar de não acreditar nisso, mesmo que não te encontrem no teu baú, encontram-te no meu. Estás nas minhas escritas:)
beijos
adorei
Não sei onde pus o baú.
mas não o perdi.
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