sábado, dezembro 31, 2005

2005

Parece da praxe ter que escrever algo sobre o ano que passa. Sobre o tempo que passámos. O tempo que vivemos. O tempo que nos fez sorrir, chorar, amar, não amar (não gosto da palavra "odiar".
Para mim, foi um ano triste. Não posso dizer que não foi bom porque felizmente nada me faltou. Mas foi sombrio. Foi.
Aprendi. Falar é sempre mais fácil.
Cresci. Disso não haja dúvidas.
Fortaleci. E quero continuar a fazê-lo.
Amei. "Eu vou parar quando eu sentir não haver motivo algum para negar."
Confortei. Como é bom sentir um sorriso.
Errei. (Não, não vou dizer que todos nós o fazemos) Irei continuar a lutar por ser uma pessoa melhor.
Desiludi-me. Tenho o defeito de esperar sempre mais.
Partilhei. Porque numa conversa descobrimos sempre um pedaço de mundo escondido.
Foi um ano escuro. Mas com o qual aprendi muito. No qual senti um universo de emoções contraditórias e inexplicáveis. Um ano confuso mas claro (perceptível?).
Para 2006, não peço muito. Só saúde (para todos). O resto faz parte da nossa luta do dia-a-dia. Da batalha que travamos com a correria das cidades que não dormem. É preciso que se lute. Não esperemos que tudo nos caia do céu.
Deixo-vos aqui um excerto de um texto de Miguel Esteves Cardoso, no Expresso:
Elogio ao amor
"O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe.
Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."
Acima de tudo, sejam felizes. Sintam-se felizes.
É o melhor que se pode ter. O sentimento de felicidade.
Um feliz ano.

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Porque faltas tu(?)

Não ando completamente feliz. Falta-me algo. Revolta-me a situação e não consigo compreendê-la. Tento perceber o porquê, tento arranjar múltiplas respostas, tento consolar-me sem efeito. Porque falta um pouco de mim e tu não entendes isso. Porque me faltas tu e insistes em não perceber (ou será que percebes?).
As forças começam a desaparecer. A tristeza, essa, insiste em permanecer. Como uma faca que queima a carne ferida. Como uma chama que corta o sangue. E tu, não estás.
Quero ter esperança. Porque me fazes falta. Porque ando triste.
Não quero deixar nada para trás. Não te quero perder.
A ti, sem receio.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Um mundo à parte…



Num mundo onde todas corremos dum lado para o outro, foi no curso de Ciências da Comunicação, da Universidade Nova Lisboa, que nos fomos conhecendo e partilhando experiências, histórias, apontamentos, dúvidas, lágrimas e sorrisos. (Parece-vos um bom lead?)
Já vivemos tanto que, para mim, torna-se complicado começar por algum lado. Não importa referir as primeiras Vocc’s porque hoje todas somos uma só. Importa talvez referir que vos amo do fundo do meu coração. Pode parecer lamechas, pode parecer demasiado forte mas é isto que sinto. Cada bocadinho de cada uma de vós preenche-me e faz de mim uma pessoa melhor.
Sem que a ordem importe, visto que todas são para mim o “gomo” que falta para dar origem à laranja, aqui vai. Mariana, a tua força e a tua garra para enfrentar tudo e todos ajudam-me a compreender melhor o mundo. Sei que, para nós, o amor está acima de tudo e por isso muitas vezes sofremos. No entanto, vivemos e somos felizes com aquilo que temos. Gostamos de dar e o teu sorriso ajuda-me sempre (“Tá bem Alberto?”). Sara Biscaia, as longas conversas que muitas vezes tive contigo e todas as situações pelas quais te vi passar fazem-me ver que os “pequenos problemas” que possa ter são apenas isso, “pequenos problemas”. Admiro a tua força e principalmente adoro as tuas gargalhadas (“Keu nem sei!”).
Débora, posso dizer que tenho vindo a descobrir em ti alguém com uma “capacidade linda” para encarar a vida (apesar do pessimismo que tantas vezes se apodera de ti). A tua vontade de vencer e o teu inconformismo fazem de ti uma pessoa muito especial. Quero-te por isso. Nádia, apesar do teu “característico” feitio (isto não é para levar a mal) consegues pôr-me a sorrir quando dizes coisas como “E não dá para ser um seis?” (quando a escala é de 0 a 5). A tua persistência e a tua maneira tão “perfeita” de ver a vida fazem-me lembrar que, às vezes, há mais para além das coisas más que nos passam pela frente.
Raquel, bem miúda, de ti espero tudo, até que me consigas encher a sala nova com milhares de pintas de vinho tinto, numa tentativa frustrada de abrir uma garrafa com uma faca (lolol). O teu optimismo e a tua capacidade de te “desmembrares” para fazeres tudo e mais alguma coisa são para mim um exemplo a seguir. Açoreana, confesso que admiro essa tua capacidade de seguir em frente sempre que é preciso. A tua “calma” sempre presente é o oposto da minha “perturbação com o tempo”, e gosto quando encararas tudo como se houvesse sempre mais outro dia. Espero por ti em Siena!
Letícia, como se costuma dizer, os últimos são os primeiros (kidding). Pois é, adoro o teu “positivismo kantiano” e o teu stress de última hora. Adoro quando fechas os olhos e dizes que tens sono e fazes aquele gemido. É lindo. Adoro tudo o que faz de ti a Letícia que nós conhecemos.
Su, de ti já sei um pouco mais e mantenho esta relação nas Caldas. Somos duas teimosas e a tua teimosia acaba por tornar a minha ainda maior (acho que me percebes). Gosto da tua forma de encarar a vida. Joana, embora ausente neste período, também me tens ensinado como nunca se deve desistir, mesmo quando tudo à nossa volta parece estar a desmoronar.
Espero que nenhuma se tenha sentido inferior e se sentiu volto a repetir que, para mim são todas um gomo da mesma laranja. Uma expressão bem a jeito de Letícia, “Todas diferentes, todas Vocc’s”. Já são 2h30 da manhã e temo que o cansaço se esteja a apoderar da minha capacidade intelectual. Há que confiar no “génio”.
Decidi escrever esta “carta” porque, ultimamente, os nossos dias têm sido tão a correr que parece que me falta algo. Cada vez mais sinto que não consigo viver sem vocês, sem as nossas conversas e as nossas partilhas. São como um vício, mas um bom vício, dos quais nunca mais nos queremos separar.
É isto que eu espero, que a nossa amizade possa permanecer. Que as eventuais “zangas” desapareçam. Que tudo possa continuar a ser como é porque, tenho que dizer isto, não aguentava ver-vos longe. Não quero. Não vou deixar. É impensável.
Em Fevereiro estou de partida para Siena. Vou sentir a vossa falta (excepto as Torres que vão comigo) mais do que possam imaginar. Há 3 anos, quando entrei para este mundo, nunca pensei que fosse ser assim. Mas ainda bem que é. Ainda bem que vos tenho. Ainda bem que somos uma só.
Não queria alongar-me demasiado mas parece que tenho ainda tanto para dizer. Vejo e revejo fotografias dos nossos momentos todas juntas e tanto coisa fica por dizer naqueles retratos. E o que não está dito vive em nós e dá-nos força. Só nós podemos saber o que sentimos em cada momento e, só nós, sabemos o quanto foi importante cada um daqueles momentos.
Para terminar, em bom jeito de finalização de reportagem, quero (e quero mesmo) que permaneçam junto a mim. Não aceito (nunca aceitarei) que uma de nós se desprenda deste laço só nosso. Se, neste momento, puderem sentir a força de que falei, então sabem o que é ter que viver sem isso. Sabem que não conseguiriam e que uma parte de vós ficaria vazia. É assim que eu me sinto sem vocês.
Agora que sentem o que vos digo não deixem que isso morra nunca. Não deixem que o sorriso desapareça, que as conversas deixem de existir, que a partilha se esvaneça. E voem, voem como só nós sabemos voar. E acreditem, como nós tanto temos acreditado. Somos um mundo à parte, mas um dia, somos nós que vamos conquistar o mundo. O mundo que só nos compreendemos e que ninguém iria perceber porque razão o desejamos tanto. Adoro-vos muito!
Catarina

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Sonho!


O sono apodera-se de mim
e a vontade que tenho de sonhar
Deixa-me perplexa face
ao abismo da realidade...

Adormeço lentamente, esperando
o anjo que virá...um dia...

E enquanto espero morro interiormente
na esperança que o sonho me leve
para bem longe daqui
onde apenas te veja

Onde te veja tal como te sinto
e onde te toque tal como te sonho

Aprendi a não esperar muito da vida
pois sem luta ela nada nos traz
e sem vontade...
o sonho não surge...
18-8-01

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Contigo.

Obrigada.
Não vou dizer mais do que isto.
Não quero gastar as palavras.
Quero ficar com o que tivemos, com o que temos, com o que teremos.
Contigo.
Hoje.
Amanhã.
Para ti.
Contigo.

quarta-feira, novembro 30, 2005

Tempo

Hoje sinto-me triste. Triste e cansada. Cansada mas com vontade de fazer sempre mais alguma coisa. De fazer algo que sei que já devia ter feito. Devia mas não fiz porque o tempo é escasso. Ai, a velocidade a que corre o tempo nesta cidade.
Nestes dias apetece-me fugir para o pé do mar. Sentir a areia. Sentir o vento a bater-me na cara para me acordar e me dar força. Força para combater os prazos, as datas, os mails, os faxes, os telefonemas. É querer gritar para que todos me oiçam mas nem sequer ter tempo.
Hoje estou chateada. Vejo o tempo a passar e sinto que o devia estar a aproveitar melhor mas cada vez que penso nisso...não dá!Maldito tempo. Amanhã o dia vai ser diferente. É o que espero e é por isso que luto. O tempo vai passar mais devagar e vai parar de me sufocar. Parar.
Hoje não estou definitivamente nos meus dias. Já devia ter aprendido que não devo esperar muito de certas coisas, mas custa-me ter que aceitá-las como são. Porque não sou recompensada quando o esforço é tão grande. Para quê? Maldito tempo. Vou-te pôr de parte, guardar-te numa gaveta e esquecer-te por esta noite. Tentar esquecer-te.
Amanhã já sei que vou acordar contigo. O despertador vai tocar e lembrar-me que preciso de acordar porque senão não tenho TEMPO (e lá estás tu outra vez) para fazer tudo o que tenho a fazer. E no fim, por abdicar de tanto, esperar ser recompensada.
Sabes o que é pior?É que até para saber se sou ou não recompensada vou ter que esperar algum TEMPO (e continuas comigo).
É só um desabafo de um dia menos bom.

sábado, novembro 19, 2005

Velhice

Hoje estava a estudar no meu quarto. De repente, oiço um pedido de ajuda. Era a minha avó. Estava-se a sentir mal e acabou por desmaiar. Tentei ampará-la mas não cheguei a tempo. Por sorte não se magoou. Tentei dar-lhe algum conforto mas estava apática, sem forças para se tentar levantar. Gritei.
A minha mãe chegou logo a seguir ao ouvir o meu grito. Tentámos as duas levantá-la mas nada. Sem forças. Sem conseguir. "Sabem o que isto é?É a velhice", dizia ela. Entristeci-me com a ideia. Algum tempo a fazer um compasso de espera e lá se levantou, devagarinho, sem pressas. Sem pressas porque parece que já nada a faz ter vontade de "correr".
Aconteceu à minha avó. Mas estava lá eu. Estava lá a minha mãe. No entanto, penso em todos aqueles velhinhos que estão sós, cara a cara com a solidão. Sem ninguém para os amparar caso lhes acontecesse o mesmo. Entristeço-me de novo. Quantos não estarão sem ninguém que os conforte? Quantos pedirão que seja o último dia? Quantos terão algo que os faça "correr"?
Entristeço-me. Revolto-me.
Não percebo a desumanidade de alguns filhos quando abandonam os pais. Como se fossem animais (e até isto é desumano). Deixá-los a mercê de qualquer um, ou mesmo de ninguém. O abandono. A solidão. A tristeza.
Não quero compreender quem o faz. Não consigo. Entristece-me. Revolta-me. É urgente não compreender.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Cidade grande

Estou de volta de Lisboa. A cidade que me acolhe na semana atarefada. Muitas vezes, a semana na preguiça, da paródia, do convívio. Ultimamente, atarefada.
Todos os dias percorro o mesmo caminho casa-faculdade. Encontro milhares de pessoas diferentes. Cruzo-me com elas. Digo bom dia, ou talvez pense que digo. E escondo o pensamento atrás de mil correias típicas de uma cidade grande (digo bom dia, não digo...). No metro, trocam-se olhares receosos. Todos têm medo de fixar o seu olhar naquela pessoa. É incómodo. Mas porquê?
A troca de olhares. O receio. O confronto. Procuramos descobrir através do olhar se aquela pessoa será feliz. Se terá desgostos. Mas as pessoas escondem-se. Não permitem. É a cidade grande. O medo. Saio do metro e vou de encontro a outro mundo: a faculdade.
Aqui, encontro amigas e amigos. Porque o são de coração e eu sei disso. Porque não há medo na troca de olhares. Porque me dão sem medo e recebem sem medo. Poderia inumerar-vos mas não valerá a pena. Pois não existe medo da rejeição e todos sabem porquê. Os sorrisos e as conversas. As lágrimas e o silêncio. E porque não o inverso? "Tocam" em mim e eu deixo porque confio, porque acredito.
Acredito e quero acreditar em mais ainda. Fazem-me falta. Não quero ser uma pessoa da cidade grande. Quero-vos sempre comigo. Juntas seremos a cidade grande. A que não tem medo. A que sorri. A que acolhe. A que nos deixa olhar. A que nos deixa ser nós próprios.
Obrigada.
Lisboa: porque te quero.

sábado, novembro 12, 2005

Escuro/Claro

Pensei em iniciar este blogue com uma descrição daquilo que sou e daquilo que me caracteriza. No entanto, decidi deixar essa parte para cada um de vocês descobrir à medida que as minhas palavras se desenrolarem neste fio instável que surge dia após dia.
Hoje o dia está escuro, um pouco como me tenho sentido. Talvez nos últimos dias a minha vida se tenha tornado um pouco mais clara, menos escura, mais para o cinzento. Sinto que uma nova etapa está prestes a começar e que irei deixar para trás algumas coisas.
Abri a janela e senti uma brisa...O Inverno a aproximar-se, um frio mais escuro, uma brisa mais carregada. Sorrio e penso nesta nova etapa...o escuro, o claro, o Inverno...a nova etapa!Anseio a mudança e espero poder sorrir, mais do que ultimamente o tenho feito. Para ti, um beijo!

Tudo

E enquanto te afastavas...
Foi escurecendo em mim...
E quando já nada restava de ti para eu contemplar...
Tudo o que me rodeava era madrugada...
Quando tudo o que eu queria era a tua luz!

5-7-05