sexta-feira, novembro 18, 2005

Cidade grande

Estou de volta de Lisboa. A cidade que me acolhe na semana atarefada. Muitas vezes, a semana na preguiça, da paródia, do convívio. Ultimamente, atarefada.
Todos os dias percorro o mesmo caminho casa-faculdade. Encontro milhares de pessoas diferentes. Cruzo-me com elas. Digo bom dia, ou talvez pense que digo. E escondo o pensamento atrás de mil correias típicas de uma cidade grande (digo bom dia, não digo...). No metro, trocam-se olhares receosos. Todos têm medo de fixar o seu olhar naquela pessoa. É incómodo. Mas porquê?
A troca de olhares. O receio. O confronto. Procuramos descobrir através do olhar se aquela pessoa será feliz. Se terá desgostos. Mas as pessoas escondem-se. Não permitem. É a cidade grande. O medo. Saio do metro e vou de encontro a outro mundo: a faculdade.
Aqui, encontro amigas e amigos. Porque o são de coração e eu sei disso. Porque não há medo na troca de olhares. Porque me dão sem medo e recebem sem medo. Poderia inumerar-vos mas não valerá a pena. Pois não existe medo da rejeição e todos sabem porquê. Os sorrisos e as conversas. As lágrimas e o silêncio. E porque não o inverso? "Tocam" em mim e eu deixo porque confio, porque acredito.
Acredito e quero acreditar em mais ainda. Fazem-me falta. Não quero ser uma pessoa da cidade grande. Quero-vos sempre comigo. Juntas seremos a cidade grande. A que não tem medo. A que sorri. A que acolhe. A que nos deixa olhar. A que nos deixa ser nós próprios.
Obrigada.
Lisboa: porque te quero.

6 comentários:

Anónimo disse...

Para mim Lisboa também tem dois lados: aquele de cidade grande que faz sentir minúscula, aquele em que não conheço ninguém, aquele em que ninguém me quer conhecer... Mas por outro, existe um lado em que estão os meus amigos, que me fazem sentir enorme, que me fazem sentir especial, aqueles com quem posso rir e chorar, falar ou simplesmente estar calada... Tu fazes parte desse lado! Obrigada!
Bjinhux!*************
Sarita

Deb disse...

Já eu posso afirmar que Lisboa é a minha vida. "Não há luz como a de Lisboa", não há mesmo. Há duas décadas nasci aqui, há duas décadas que aqui vivo, com tudo o que de bom e de mau tenho e vivi. Para mim Lisboa não é a cidade grande. É a minha cidade, a que sempre me acolheu, qual cobertor que nos protege das ameaças. Hoje, na minha cidade, sinto que conheço todas as pessoas com quem me cruzo na minha rua, no meu bairro, no metro, em Campo de Ourique, onde for. É em Lisboa que me sinto bem e é nas cidades pequenas (mas nem por isso pequenas cidades) que me sinto pequena, desconhecida, isolada.
Para mim, a cidade grande é Nova Iorque. A que eu queria que fosse minha. :)

Deb disse...

by the way, bem-vinda ao vício ;) (acho é indecente como eu comento o teu 3.º post e tu nunca comentaste nenhum dos que escrevo há praí 2 anos:P)

Anónimo disse...

lx sucks :)
comentário decente para breve.. agora n tenho tempo* ;)

Anónimo disse...

Miúda...
É tão bom ler coisas escritas por ti.
E ainda melhor quando falas da cidade que nos acolheu simultaneamente. Aquela pela qual nos apaixonámos e nos deixámos tocar, quase sem pensar que nos poderíamos tornar iguais a essas pessoas que não olham, não vêem, não sentem nem se deixam tocar.
Gostava que esta vontade de mudar as coisas, de olhar e criticar aquilo que se considera mal, perdurasse para lá da tua, para lá da nossa juventude.
Gostava de continuar a olhar para ti, a ver-te, a conhecer-te para sempre...

Beijos enormes amiga de Lisboa, amiga do coração.

Anónimo disse...

A propósito, porque achei que este comentário não se adequava ao anterior...
VÊ SE COMENTAS O MEU BLOG!!!
www.miamespia.blogspot.com

Beijos grandes demónio***