sábado, novembro 19, 2005

Velhice

Hoje estava a estudar no meu quarto. De repente, oiço um pedido de ajuda. Era a minha avó. Estava-se a sentir mal e acabou por desmaiar. Tentei ampará-la mas não cheguei a tempo. Por sorte não se magoou. Tentei dar-lhe algum conforto mas estava apática, sem forças para se tentar levantar. Gritei.
A minha mãe chegou logo a seguir ao ouvir o meu grito. Tentámos as duas levantá-la mas nada. Sem forças. Sem conseguir. "Sabem o que isto é?É a velhice", dizia ela. Entristeci-me com a ideia. Algum tempo a fazer um compasso de espera e lá se levantou, devagarinho, sem pressas. Sem pressas porque parece que já nada a faz ter vontade de "correr".
Aconteceu à minha avó. Mas estava lá eu. Estava lá a minha mãe. No entanto, penso em todos aqueles velhinhos que estão sós, cara a cara com a solidão. Sem ninguém para os amparar caso lhes acontecesse o mesmo. Entristeço-me de novo. Quantos não estarão sem ninguém que os conforte? Quantos pedirão que seja o último dia? Quantos terão algo que os faça "correr"?
Entristeço-me. Revolto-me.
Não percebo a desumanidade de alguns filhos quando abandonam os pais. Como se fossem animais (e até isto é desumano). Deixá-los a mercê de qualquer um, ou mesmo de ninguém. O abandono. A solidão. A tristeza.
Não quero compreender quem o faz. Não consigo. Entristece-me. Revolta-me. É urgente não compreender.

1 comentário:

Unknown disse...

Pois é, os meus dois avós maternos estão naquilo que eu poderia descrever talvez como "o ultimo sopro de vida" e tem sido cada vez mais complicado para a minha mãe tratar deles. Fazer todos os dias 18kms pa ir limpar uma casa e fazer o jantar não é pêra doce mas lá está, é como ela diz..."não os posso abandonar"

O estado a que eles chegaram faz-me um a confusão enorme na cabeça...até podia dizer que secretamente choro em silêncio a velhice para a qual caminhamos...