terça-feira, maio 30, 2006

O mundo a meus pés...


Sento-me numa cadeira pronta para escrever. Um pedaço qualquer de papel perdido na imensa desorganização da gaveta da minha secretária. Não importa. É meu. Decido que vou escrever qualquer coisa. Pego no papel, olho para qualquer outro lado. Não tenho caneta, esqueci-me dela em casa. Não faz mal. Estou em Erasmus, não preciso propriamente de uma caneta. Precisava sim de uma memória filmica para poder guardar cada momento aqui passado.
Estou há muito tempo para escrever sobre esta grande aventura. Mas faltam-me, talvez, as palavras certas para descrever tudo aquilo que queria. Os momentos que passamos 24 sobre 24 horas, as risadas sem nexo, as brincadeiras malucas, as noites de loucura, as visitas tão desejadas, as partidas (por vezes dolorosas), as viagens, as novas amizades, as novas descobertas, os novos ensinamentos, as novas aprendizagens, o sentimento de “crescer”, de ser mais do que aquilo que éramos…e tantas outras infinitas coisas que poderia continuar aqui a descrever.
Se tivesse que voltar atrás não posso dizer que não faria o mesmo. É tão diferente, tão fora de tudo. É como estar numa espécie de “férias” em que tudo acontece ao máximo, em que tentamos aproveitar todos os minutos, todos os segundos, todos os milésimos de segundos. E não é apenas pela diversão, pelo “relax”, mas por todas as outras coisas que estão para além do explicável…talvez aqueles que decidam partir para esta aventura possam perceber aquilo que tento explicar.
Temos ainda pela frente um mês, que provavelmente vai ser o mês mais intensivo de toda esta nossa passagem por terras italianas. Neste momento, esta casa na Via Pispini nº3 é a minha casa, onde tenho as minhas coisas, onde durmo, onde me encontro comigo mesma, onde choro, onde “grito”, onde rio, onde partilho, onde festejo, onde também tenho saudades, onde passo horas e horas a fio…e, por isso, não quero já sentir a sua falta e de tudo o que ela me proporcionou e ainda irá proporcionar. Quero senti-la hoje, com tudo aquilo que ela tem. Porque também esta casa, e todos aqueles que nela habitam, passaram a fazer parte de mim (algumas ainda mais), a preencher ainda mais o meu coraçãozinho de manteiga…porque todos eles (tenho a certeza) partilham de todos estes sentimentos comigo.
Obrigado a vocês (que sabem bem quem são) por me terem ajudado em todos os momentos em que me senti um pouco mais sem força (não que não adore estar aqui, mas porque como romântica que sou, tenho tendência a deixar que as saudades me abalem um pouco mais), obrigada pelos sorrisos conjuntos, pelas noites tão bem passadas, pelos conselhos “estéticos” (esta é só para vocês minhas Torres), pelo “passe-parole” do Carpe Diem, por aturarem as rabugices, pelas conversas, pelo crescimento (que tenho a certeza que foi conjunto), por me “destressarem”, pela abertura de mentalidades, por tudo aquilo que dizemos uns aos outros sem medo e sem receio, porque as amizades são assim.
E porque Erasmus é muito mais do que isto e fico triste por não poder passar mais daquilo que sinto. Porque o que sinto agora é muito mais do que aquilo que consigo escrever. A memória filmica não é facilmente transportável para uma folha de papel e, por isso, deixo-vos, mas só por agora. Se pegasse em tudo o que já vivi e pudesse fazer um filme era tão mais fácil, tão mais alegre. Saber que poderia reviver esse filme a qualquer altura.
E quem sabe se não? Talvez qualquer dia me atreva…
Vou ter saudades tuas, Siena.
(Como uma verdadeira romântica)

7 comentários:

Deb disse...

:'))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))

nao da pra dizer nada,pelo menos agora, imediatamente depois de ter lido este teu texto, atrevo-me a dizer, o mais bonito que já li neste blog.

ARN disse...

Finalmente. Que bom ver essa energia a saltar poros fora, nota-se a euforia e a adrenalina q sentes, aquela q n conseguimos exprimir e q é tão feliz que até dá vontade de chorar!n é?
Miuda, guarda sempre isto e transporta esta vontade de viver ao máximo e em felicidade pura e inocente...pois mesmo em Portugal ela vai dar mt jeito!
Cá vos espero para partilhar o melhor q puder essa sede de viver!
Adoro-vos***bjs pa tds

Anónimo disse...

Apesar da tentativa de passar tudo cá para fora, tens a subjectividade. Vives e queres contar aos outros aquilo que sentes, numa tentatva de dar alento às saudades, descrever sentimentos, contar novidades...Um esforço para sentires que estás mais próxima e para que os outros sintam que estás perto.
Gosto de saber novidades tuas miúda, de sentir que estás bem, de te adivinhar renovada. Mas nesse abismo de novidades dadas à distância (que tantas vezes custa a suportar), gosto de te reconhecer, de ver um vislumbre da Catarina que conheço, que adoro, nesses bocadinhos de vida que vais passando para o papel e que me chegam através do monitor do computador.
Não sabes a falta que sinto de ti, miúda. Podes crer que vamos passar muitas noites e dias e madrugadas a partilhar tudo aquilo que crescemos nestes meses à distância. Prometo.
Beijos grandes, enormes, gigantescos******adoro-te

Anónimo disse...

Pequena Catarina,

assim te vi eu quando chegamos. Pequena no sentido de quem tinha tanto medo da grande experiência que a aguardava.
Hoje acordo. Deparo-me contigo maior do que nunca. Por fora, como não me canso de dizer, uma verdadeira mulher que transborda a cada passo um pouco da sua beleza. Por dentro, uma catarina bem mais forte, decidida, que sabe o que quer e não pensa duas vezes em dizê-lo. Uma "sweet" que guarda a sua ipseidade tão própria, mas que a ela juntou ainda mais qualidades e vontade de viver. Saras e Catarina? A última vez que as vi foi no aeroporto de Lisboa. Olho-me ao espelho e vejo-vos. Não sou eu. Somos nós..as "satarinas"!
Cresceste. Cresci. Também a nossa amizade amadureceu. Com o contaco 24h sobre 24h descobrimos um pouco mais de nós... diferenças...semelhanças.O "destresse" e o stress que teimosamente se tentam contagiar. Descobrimo-nos.
O que acontece em erasmus fica em erasmus. Felizmente tu voltas comigo :)

Anónimo disse...

É claro que aqui a chata da açoriana que nunca comenta os post de ninguém tinha de ser a última a dizer qualquer coisita (é bom sublinhar que os leio todinhos, non manca nessuno)!

Mas, desta vez era imperativo deixar aqui umas linhazinhas à minha sorella più vecchia, aquela que me acompanha no "fazer-de-macaco-a-meio-da-tarde-porque-não-queremos-estudar-mais" e que tanto já fez por nós cá!

É claro que te ensinamos umas coisinhas (vais ficar a dever-me toda a tua vida o descobrimento do arroz basmati), mas sem dúvida aprendemos contigo coisas que só tu nos podias explicar, como por exemplo, "a salada têm de ser lavada 3 vezes senão morres".

Passando à parte séria e lamechas...

dona catarina, nós somos o trio perfeito. Cada uma à sua maneira consegue deixar em cada cantinho desta cidade um cheirinho do que são as verdadeiras "pornoghese".

Nós sabemos o que vamos levar daqui e acima de tudo vamos prometer que o que levamos não se vai perder algures na Via Pantaneto...ou muito pior...fora da Porta Pispini! O que nós construimos vai directamente da nossa casinha internacional para cada aqueles neuroniozinhos que restarão depois desta aventura.

Esses nossos amiguinhos irão direitinhos ao coração onde vos guardarei a todos para sempre.

Adoro-vos miúdas...são o demónio!

Anónimo disse...

não poderia deixar de acrescentar ao comentário da açoreana que também aprendemos contigo uma coisa fulcral, a qual vai mudar todas as minhas idas ao supermercado: tiram-se sempre primeiro as coisas frias do carrinho das compras e só depois as quentes!tudo bem separadinho :P eheheh

Susana disse...

Epah...como dizer? Depois de ler o teu post e agora estes comentários todos, até me está a dar uma coisinha má! Ou boa. Tenho mesmo muitas saudades e também muita curiosidade, não só de saber as vossas aventuras em primeira mão mas também de ver os resultados. Em vocês mesmas. É uma das coisas que mais me pergunto, o que será que Erasmus muda em nós? De que forma nos faz crescer? Nos une? Aguardo expectante o vosso regresso, apesar de saber que estão mortinhas por aí ficar mais tempo, para poder constatar isto tudo a olhar para vocês. Para me preparar também, de certa forma... ;)
*adoro-te amiga*
Grandes beijinhos e um abraço para todas (abraço de grupo portanto:P)*