sábado, janeiro 20, 2007

Uma outra coisa


Subi as escadas apenas para te dizer que sinto um vazio em mim. Qualquer outra coisa, que não é um sentimento alegre. E empurro-te, sem querer e sem vontade.
Não tive coragem. Voltei a descer, o orgulho é muito forte. Pego num lápis, decidi escrever-te. É tão mais fácil, menos doloroso, mais cobarde. Não me importo. Sou assim, de vez em quando. Faltam-me as forças e caem as lágrimas. As linhas surgem, tortas e imperceptíveis, quem me manda gostar de escrever em folhas lisas? Espero que não te importes. É mais um traço da minha imperfeição. Mas dizes gostar de mim assim. E eu acredito.
Volto a descer as escadas. Deixo o bilhete ao pé do tapete (espero que não voe e que o vizinho o veja, apesar de tudo escrevi-o apenas para ti, não para um qualquer desconhecido). Sinto-me sem forças e há qualquer coisa cá dentro que não funciona.
Quero acender um cigarro. Mas não. Deixei de fumar. Uma decisão que quero manter. Agora, o cheiro a cigarros enjoa-me, faz-me sentir suja.
Espreito pelos cortinados para ver como está o tempo (quando desci as escadas a cobardia não me permitiu olhar pela janela). Chove. A potes. Estes dias são realmente uma outra coisa que não consigo definir. E sinto a tua falta. Já to disse. Espero que tenhas lido o que escrevi ("Desculpa, amo-te", podias ler). Podia ter-te dito isto pessoalmente. Mas o dia não deixou. Está a chover a potes, lá fora e cá dentro. Tenho que encontrar o chapéu-de-chuva urgentemente...

5 comentários:

Anónimo disse...

Não te conhecia esta faceta de escritora.

Gostei =) *

Susana disse...

Brutal miúda! Gostei muito! :) Já tinha saudades de um texto teu assim. E realmente, por mais que seja bonito andar à chuva (toda a gente gosta de se sentir selvagem, às vezes) a protecção faz falta, é que chuva a mais tem as suas consequências... nunca se sabe quando o "sistema imunitário transcendente" está mais em baixo. ;)

Beijos*

ARN disse...

quando chove muito o chapéu de chuva não basta, é preciso um impermeavel. eu sei que tens um, espero que saibas usa-lo qd chove, e tira-lo em dias de sol, sem culpas e com coragem. bj

Anónimo disse...

E bom ver-te regressar em forca! Gostei de te ler...

Nao te esquecas tambem das super galochas..sempre que precisares de sair em dias de chuva...se nao tiveres, empresto-te:)

beijao enorme..
Gostei muito miuda!!;)

Deb disse...

atrasada, mas pelo menos c a certeza q pude ler com a calma que queria - e que mereces. Tinha muuuitas saudades de te ler, mas tenho mais ainda (e essas só mato daqui a um mês) de te ver e perceber nos teus gestos o que te percorre a alma quando, sozinha nesta máquina, te apetece despejar...

A chuva surge sempre quando menos nos apetece. É raro coincidir com os dias em que estamos sorridentes e quentinhas dentro de casa, sem grandes obrigações.

Por isso nos dias em que essa chuva te invadir por dentro, olha lá para fora e, mesmo que vejas nuvens feias tipo alemanha, imagina um Sol de Inverno (aquele que a Chefe Raquel nos ensinou a valorizar!) e vais ver que todas as preocupações ganham outra calma :)