quinta-feira, janeiro 29, 2009

Entrelinhas

Sorrisos. Entre copos de vinho. Entre conversas banais, interrompidas. Por sorrisos. Intervaladas por momentos. Gargalhadas. E eu sou assim, transparente. Como o copo que ficou vazio. Ao final do dia, tenho tudo para contar. Descompressão. E do outro lado, há mais. Partilhamos assim um pouco do nosso mundo. 

Sabes bem do que falo. O que quero dizer. O que não digo, mas está lá. Entrelinhas. E sabes que não páro de falar enquanto não me interrompes. E começas tu. Depois, tenho eu de interromper. Mas não faz mal. Nem um, nem outro dispensa os sorrisos.

E estou a sorrir. Aquele sorriso. Não sei qual é. Mas sei que é diferente. E não, não é do copo vazio. É mais. Há sorrisos assim. Simples. Infantis. Sinceros. Este meu sorriso é como aquele teu olhar. Genuíno. Sim, eu sei que mais ninguém sabe. E é por isso que está reservado.

Sou dona desse teu olhar. Pertence-me desde que o identifiquei. Gosto de pensar que podemos  ser, pelo menos um pouco, donos daquilo que descobrimos e que todos desconhecem.

Assim, como te vejo, acho que não podia ser tua dona. Não queria. Nunca poderia dizer que me pertencias. Mesmo que te tivesse descoberto. 

Afinal, os sorrisos são nossos. Os olhares partilhados. Tu dás-me pedaços de ti. Eu deixo que me respires. Mas ninguém é dono de ninguém.

(P.S. Qualquer pedaço de loucura é efeito do copo de vinho vazio)


2 comentários:

MaB disse...

Ninguém é de ninguém (mesmo quando se ama alguém)...
Só que às vezes apetece tanto....:)

Andreia disse...

Adorei o texto!

Kiss**