segunda-feira, julho 27, 2009

Nós (de atar)

Podiam ter sido apenas aquelas horas. É verdade, não estava à espera demais. E queria mais. Mas acabou por ser mais em todos os pormenores. Na areia, com o vento a fazer os cabelos ficarem com aquele sabor a sal. Os pés, molhados, entre algas que não se podiam contar. A esplanada, onde estivémos nós e os outros. Nós na bolha mágica. Os outros, não se bem onde andavam. Não perdi tempo a pensar nisso. E partimos, mas ainda não íamos embora. Faltávamos nós. Entre segredos e murmúrios.

E voltámos ao porto de abrigo. Entregues à cumplicidade dos gestos e dos olhares. Subimos a serra, descemos a serra. Procurámos cheiros que nos pertencem. Que fazem parte de momentos. Procurámos lugares de memória, entre pedaços de História. Um dia, será a nossa história. Mais simples, claro.

Pegaste no carro e fomos. Disseste-me vou-te levar até nós. Eu sorri e fui clara não quero sair de lá. Disseste que sim, mas foi como o até já. Já sabemos o que quer dizer. E isto não quer dizer nada. Apenas que te amo. Debaixo do manto, aquele onde gostamos de nos enroscar, soube-me a mel. Porque foi mais. E sabia que estavas a dar-te, sem receio. Sem medo. São palavras que se apanham mais depressa num olhar. Não as disseste, não precisavas.

E as imagens. Aquelas com que eu fico a dobrar, a quadriplicar. Porque sim, porque é suposto. Fico com elas desta forma porque gosto de te decorar. E falávamos de cumplicidade não era? Falávamos de amor, não achas? Ali, a rir de toda aquela infantilidade. É bom sentir que somos ainda podemos ser crianças às vezes. Tu dás-me um pouco disso também. Sem me retirar a responsabilidade. Fazes-me ver em sorrisos e em gargalhadas.

E depois partilhámos. Dois pratos, dois copos. E ficámos ali deitados, leves toques. Beijos. Foi apenas isso. E podia ter chegado à conclusão que te queria mais do que nunca. Que te amava até Marte, lembras-te? Podia, realmente. Aquele toque permanente. A textura da tua pele, suave. Aqueles momentos podiam ter-me dado muito mais sinais. Mas a verdade é que eu sei há muito que não preciso de sinais. Não me deixes, dizes tu. Como te digo, sei há muito o que quero.

Se leres isto, vais perceber que estou presa a ti. 
Deixar-te é missão impossível.

1 comentário:

MRV disse...

Isto é simplesmente magnífico!!!

Que bela ode ao amor, esse sentimento que nos arrepia, que nos enche a alma e que nos faz debitar prosas de tão elevada qualidade!

Tu és grande e ele não se fica atrás!

Até já...