quarta-feira, abril 20, 2011

Moldes

Moldaste-me assim.
Deixei-me moldar também, é verdade.
Agora, não há volta a dar.
Olho para o lado, é tarde, bem tarde, e eles correm de mão dada para passar o sinal prestes a ficar vermelho. Sorriem. E não, não são jovens. De aparência, pelo menos.
Porque correm com uma energia galopante. De quem enraízou aquele gesto.
E quero aquilo. Sorrio também. Com eles e para eles.
Apetece-me dizer adeus, mas eles correm muito depressa. Qualquer dia apanho-os.
E, com a música bem alto, volto a mim.
E ao que ficou.
Moldada. E duvido que sirva para alguma coisa.
Em pedaços de gelo. Que raio.
E eu queria mesmo era correr como eles. E não esquecer, de mão dada.

3 comentários:

Usui de Itamaracá disse...

'enraízaram aquele gesto'

A gente não escolhe o impacto q as pessoas tem sobre a gente, nem quem vai deixar sua marca ou não. Também não vou dizer q o q importa é chegar lá, independente de quem vc estivar de mãos dadas... mas é muito bom estar lá com alguém q tb quer estar de mãos dadas, e principalmente, correndo no mesmo passo...

Flor de Sal disse...

Sempre gostei de moldes. Com eles podia criar formas incontáveis. Na areia, na terra, nos bolos da mãe. No gelo.
Tão depressa os fazia, como os desfazia. Ou o vento, a água, os dentes de leite. O melhor dos moldes é precisamente esse: criar e recriar, infinitamente. E ter prazer nisso.
Confesso que havia uns moldes especiais, os únicos que mereciam o meu descontentamento por se desaparecerem: os quadradinhos de de gelo que nunca aguentavam que terminasse o sumo de laranja.

Voltei:)

Nicola disse...

Cerro os olhos para continuar a ver o gesto provocante e o sorriso maroto
Foi estudado , eu sabia que iria prevalecer em ti e que procurarias sem parar aquele sorriso maroto