domingo, abril 04, 2010

Regresso

Chega e estranha sempre o mesmo: procura a língua materna, ouve russo, mas soa-lhe a português. Ouve italiano, mas pensa sempre primeiro na hipótese de ser um português a falar a língua romana. Depois, habitua-se. Uma criança corre ao sol, procura assustar os pombos. Ela percorre as ruas que um dia conheceu, procura o conforto. E encontra. O lugar onde já esteve, que conhece bem, onde se sente um pouco em casa. Ou pelo menos na casa daquele país que não é dela. Mas no cantinho de segurança. Não gosta de viajar sozinha. Detesta.

Isto porque para quem gosta de falar torna-se imensamente doloroso passar um dia inteiro sem trocar argumentos. Sim, ela não gosta de passear sozinha. Não tem nada de mal. Detesta a solidão. Mas isso também não será novidade. Procura então os lugares que percorreu antes. Procura pormenores, histórias. Os rapazes que chamaram isto, a conversa nas escadas na igreja. O lugar onde almoçaram juntas. Procura tudo isso. E fica a ouvir os sons da língua que não é a dela, mas que ela pensa sempre que pode ser.

Uma das coisas que mais estranha é o som. E, pode tudo ser magnífico, pode tudo ser esplendoroso, fora do vulgar. Mas não há nada como sentir o frio na barriga no avião de regresso a casa. As mãos suadas de nervos durante a aterragem. É sempre assim. E o suspiro quando o avião aterra. Ela adora viajar. Adora passear.

Mas o regresso a casa, ao porto de abrigo, é a melhor sensação de toda a viagem.
Tenho dito. Ou tem ela. Tanto faz para o caso.

4 comentários:

Mário Ventura disse...

Isto é copy-paste. Why?

Catarina disse...

Ah?!

Andreia disse...

O melhor mesmo depois de uma aterragem é encontrar o Tony Carreira com ténis prateados, jeans e a tentar passar despercebido!

Andreia disse...

O melhor mesmo depois de uma aterragem é encontrar o Tony Carreira com ténis prateados, jeans e a tentar passar despercebido!